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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Costumes - alimentação árabe.

   Os hábitos alimentares dos muçulmanos são restritos pelas leis do Alcorão: a bebida alcoólica não é permitida, assim como a carne de porco pois ele é um considerado um animal impuro. Desta forma o consumo de carne de carneiro é predominante entre eles.
                    Durante as comemorações religiosas, como o Ramadã, o jejum é rigoroso e até mais longo do que o dos judeus. Não se pode comer e beber durante o dia. As refeições noturnas, então, são um banquete. Já os árabes cristãos seguem hábitos alimentares ocidentais, sem restrições.
Entre os árabes é costume se servirem de um café da manhã farto, que inclui pão com ovos, frutos e vegetais frescos, mel, nozes ou iogurte.
                     As refeições são verdadeiros rituais, demoram-se a mesa, que apresenta uma grande variedade de pratos servidos em pequenas porções. São os mezzés, ou antepastos árabes, sempre acompanhados de pão pita e áraque, bebida típica à base de anis. Em seguida vem os doces e por fim café árabe ou chá preto com hortelã.
                  Adoram receber, em todos os lares enquanto a mesa estiver posta, as portas das casas permanecem abertas. Todos que chegam são convidados a se sentar. Segundo a tradição a mesa deve conter ao menos o dobro da quantidade de iguarias suficientes para alimentar os convidados. Esses, por sua vez, devem comer mais do que o habitual para demonstrar satisfação e agradecer a hospitalidade.


            A região do oriente médio foi o berço a civilização, os grandes impérios que dominaram essa região, o persa (539-331 a.C.), o árabe (630-1258) e o otomano (1281-1918), foram responsáveis pela formação da cultura árabe, e isso se reflete também na culinária e nos hábitos alimentares, as primeiras tradições culinárias nasceram ali, há mais de 12 mil anos.
                  Entre os rios Tigre e o Eufrates, no atual Iraque, os homens passaram a cultivar trigo, cevada, pistache, nozes, romãs e figos que floresciam ao lado dos rebanhos de carneiro e de cabras. Pela primeira vez misturaram ingredientes diferentes e fizeram o pão, que nasceu chato e redondo.
Em um período posterior, entre os anos 3000 a.C. e 300 a.C, quando os fenícios povoaram a região do Líbano, surgiu o hábito de cobrir o pão com carne e cebola. Nascia a esfiha. Por volta de 500 a.C., os persas, antigos habitantes do Irã, trouxeram ingredientes mais complexos, como arroz, pato, amêndoas e frutos frescos, e muitas especiarias: cominho, cardamomo, coentro, feno-grego, cúrcuma e gengibre. Os sultões do Império Otomano acrescentaram as massas ensopadas com mel e recheadas com nozes e amêndoas moídas, bem como o café forte e adoçado. Carne de carneiro assada ou frita na manteiga ou no óleo era bastante apreciado nos palácios, assim como os miúdos macerados e mergulhados em uma mistura de leite azedo e especiarias.
               Com o fim das invasões, as diversas culinárias da região mesclaram-se em uma cozinha que cultivou respeito por suas tradições.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

MAQUIAGEM ÁRABE

                                        Essa maquiagem é muito linda !
                                       Além de ser linda, está em alta.
                               a maioria das atrizes estão usando essas maquiagens.
                               então isso influência muito as pessoas usarem.

Governo afegão quer acabar com abrigos para mulheres

 

S. Sabawoon/EFE - 18.set.2010
Mulher afegã mostra o dedo com tinta após votar nas eleições parlamentares em Cabul
Após os seus pais a terem expulsado de casa por ela ter se recusado a casar com um viúvo de 52 anos de idade, pai de cinco crianças, Sabra, 18, embarcou em um ônibus que a deixou, com medo e confusa, no centro de Cabul. Sabra dormiu em uma mesquita durante alguns dias, comendo muito pouco, até que uma mulher apiedou-se dela e a colocou em contato com funcionários de uma organização de direitos humanos, que a conduziram a um abrigo de mulheres.

Essa jornada – que por si só já é aterrorizante para uma jovem que jamais se aventurou para além da mercearia da esquina – vai se tornar ainda mais penosa segundo as novas regras que estão sendo elaboradas pelo governo afegão, e que, segundo os defensores dos direitos das mulheres, impedirão que as mulheres e meninas mais vulneráveis busquem refúgio e estão fechando o cerco sob os abrigos.

As novas regras são fruto das suspeitas que ainda são geradas pelos abrigos de mulheres nesta sociedade profundamente conservadora, onde essas instituições passaram a simbolizar o choque entre os valores modernos e o modo de vida tradicional afegão. Muitos acreditam que a existência desses abrigos, na melhor das hipóteses, encoraja as meninas a fugirem de casa e que, na pior das hipóteses eles se constituem em uma rota para as casas de prostituição.

As mudanças na lei exigiriam que uma mulher como Sabra justificasse a sua fuga perante um comitê governamental formado por oito membros, que determinaria se ela teria necessidade de ir para um abrigo, se deveria ser presa ou voltar para casa, onde correria o risco de ser espancada ou até mesmo assassinada. Ela teria que se submeter a um exame físico que poderia incluir um teste de virgindade.

Embora algumas pessoas acreditem que o governo possa suavizar as regras antes da aprovação final, os defensores dos direitos das mulheres veem essa iniciativa como um exemplo de como o governo cede às pressões de elementos conservadores sob o aspecto religioso e social, no momento em que o governo do presidente Hamid Karzai dá início a tentativas de reconciliação com os insurgentes. Eles temem que os direitos das mulheres venham a se constituir na primeira área na qual o governo cederá aos conservadores.

“Eu não sei ao certo por que eles estão fazendo isso – talvez porque o governo esteja se tornando mais conservador e deseje agradar o Taleban”, opina Manizha Naderi, diretora da organização Women for Afghan Women, que administra três abrigos e cinco centros de aconselhamento familiar distribuídos pelo país.

“A violência doméstica é cultural. Demora tempo para mudar esse quadro, mas ele um dia mudará. Enquanto isso as mulheres necessitam de um local seguro quando são vítimas da violência”, diz Naderi.

Uma década atrás, abrigos para mulheres vítimas de abusos sequer existiam no Afeganistão, onde até hoje muitas das piores práticas associada à era do Taleban, como os casamentos encomendados para noivas ainda crianças, os chicoteamentos em público e a mutilação de mulheres, continuam ocorrendo nas áreas rurais.

Atualmente, existem cerca de 14 abrigos para mulheres, financiados por um conjunto de organizações internacionais, doadores privados e governos ocidentais. As novas regras, estabelecidas pelo Ministério de Questões das Mulheres, colocaria esses abrigos sob o controle direto do governo.

As regras alarmaram os defensores dos direitos das mulheres, que dizem temer que um comitê nomeado pelo governo não seja capaz de fazer frente às pressões de mediadores ou outras pessoas que desejem que as suas filhas sejam mandadas de volta para casa, para que sejam punidas segundo os costumes afegãos. Até mesmo o fato de uma mulher fugir de um casamento marcado por abusos é considerado uma vergonha para a família dela.

“Em diversas ocasiões, eu enfrentei dificuldades provocadas pelo governador distrital que apoiava a família da mulher, e não a mulher”, conta Soraya Pakzad, que administra abrigos nas províncias de Herat e Badghis. “Se o pai da mulher for um ex-comandante e o juiz for um amigo dele e disser que a mulher tem que voltar para casa, nós podemos levantar a voz, mas eu temo que o Departamento de Questões das Mulheres não terá a coragem necessária para isso”.

Os diretores de abrigos dizem que estão dispostos a submeterem-se a uma fiscalização minuciosa por parte do governo e que estão prontos a aderir às exigência do governo relativas a procedimentos operacionais. No entanto, a administração de abrigos não é algo para o qual o Ministério das Questões das Mulheres possua o orçamento, os funcionários ou a experiência que se fazem necessários, segundo a Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos e os diretores dos abrigos.

“O ministério não é capaz sequer de encontrar funcionários para os seus departamentos em algumas províncias. Sendo assim, como é que eles vão encontrar pessoal para desempenhar essa tarefa mais sensível de administrar os abrigos?”, questiona Soraya Sobhrang, integrante da comissão de direitos humanos, que se concentra nas questões da mulher.

O Ministério das Questões das Mulheres já enfrentou muitas dificuldades para recrutar mulheres para trabalharem nos seus escritórios provinciais nas regiões sul e leste do país, onde a maioria étnica é pashtun, e onde a insurgência continua forte. Os diretores locais enfrentam frequentemente ameaças e tentativas de assassinato.

A evolução das novas regras teve início em 2009, quando Karzai criou uma comissão liderada por uma figura religiosa importante, o mulá Nematullah Shahrani, para fiscalizar os abrigos e preparar um relatório.

Autoridades graduadas do Ministério de Questões das Mulheres insistem que as novas regras estão sendo criadas para o bem estar das mulheres e que não existe nenhuma intenção de controlar os abrigos existentes. Uma cópia das regras, obtida pelo “New York Times”, deixa claro, no entanto, que as organizações não governamentais não administraria mais esses abrigos.

“Nós desejamos ter centros nos quais as mulheres sintam-se seguras e livres das tensões, e onde possam buscar ajuda”, diz Fawzia Amina, diretora de questões jurídicas do ministério, que participou da redação das regras.
“Não queremos controlar os abrigos administrados pelas organizações não governamentais e outros indivíduos”, disse ela, acrescentando. “Quemos ter os nossos próprios abrigos ao lado daqueles abrigos já existentes”.

No entanto, o Gabinete Afegão parece ter baixado uma ordem clara no sentido de que todos os abrigos sejam controlados pelo governo, segundo pessoas próximas ao núcleo de poder do país. Isso poderia talvez ser um reflexo da sensibilidade generalizada em relação à questão dos abrigos por parte de muitos integrantes do governo e do parlamento, que ressentem-se particularmente do fato de essas instituições lembrarem à população o quanto ainda falta para que o Afeganistão combata de fato o problema da violência contra as mulheres.

Um caso ilustrativo envolve a ministra do Trabalho, Questões Sociais, Mártires e Deficientes, Amina Afzali, uma integrante do comitê que visitou os abrigos do país. Em uma entrevista, ela concordou que havia casos em que as mulheres necessitavam de proteção, mas não gostou do fato de os abrigos discutirem abertamente os abusos cometidos.

Afzali afirmou que um fato particularmente irritante foi a publicidade quanto ao caso de Bibi Aisha, uma noiva adolescente cujo nariz foi amputado pelo marido quando ela tentou fugir de casa. Ela foi fotografada pela revista “Time”, que a colocou na capa de uma edição do ano passado, quando ela se encontrava em um abrigo administrado pela Women for Afghan Women.

“Esse tipo de publicidade nos humilha perante o mundo”, reclamou Afzali. “Atualmente o Afeganistão está sob as lentes de um microscópio, mas se outros países fossem escrutinados como estão fazendo com o Afeganistão, eles também apresentariam casos tão excepcionais como o de Bibi Aisha”.

Alguns membros conservadores do parlamento gostariam que os abrigos fossem inteiramente fechados. Hajji Neyaz Mohammed, um advogado da província de Ghazni, condena duramente os abrigos de mulheres, classificando-os de “locais oficiais para o aumento da perversão no nosso país”.

“Esses abrigos criam problemas em famílias e residências, e eles encorajam as meninas a fugirem de suas casas”, afirma Mohammed. “Em 90% dos casos nos quais as mulheres retornarem dos abrigos para as suas vilas, elas não serão mais aceitas pela comunidade e serão suspeitas de terem cometido adultério”.

AS REGRAS DA MULHER AFEGÃ



Algumas das principais regras que a mulher afegã tem de obedecer durante o regime da milícia islâmica talibã:
1. É absolutamente proibido às mulheres qualquer tipo de trabalho fora de casa, incluindo professoras, médicas, enfermeiras, engenheiras, etc.
2. É proibido às mulheres andar nas ruas sem a companhia de um “nmahram” (pai, irmão ou marido).
3. É proibido falar com vendedores homens.
4. É proibido ser tratada por médicos homens, mesmo que em risco de vida.
5. É proibido o estudo em escolas, universidades ou qualquer outra instituição educacional.
6. É obrigatório o uso do véu completo (“burca”) que cobre a mulher dos pés à cabeça.
7. É permitido chicotear, bater ou agredir verbalmente as mulheres que não usarem as roupas adequadas (“burca”) ou que desobedeçam a uma ordem talibã.
8. É permitido chicotear mulheres em público se não estiverem com os calcanhares cobertos.
9. É permitido atirar pedras publicamente a mulheres que tenham tido sexo fora do casamento, ou que sejam suspeitas de tal.
10. É proibido qualquer tipo de maquilhagem (foram cortados os dedos a muitas mulheres por pintarem as unhas).
11. É proibido falar ou apertar as mãos de estranhos.
12. É proibido à mulher rir alto (nenhum estranho pode sequer ouvir a voz da mulher).
13. É proibido usar saltos altos que possam produzir sons enquanto andam, já que é proibido a qualquer homem ouvir os passos de uma mulher.
14. A mulher não pode usar táxi sem a companhia de um “mahram”.
15. É proibida a presença de mulheres em rádios, televisão ou qualquer outro meio de comunicação.
16. É proibido às mulheres qualquer tipo de desporto ou mesmo entrar em clubes e locais desportivos.
17. É proibido andar de bicicleta ou motocicleta, mesmo com seus “maharams”.
18. É proibido o uso de roupas que sejam coloridas, ou seja, “que tenham cores sexualmente atraentes”.
19. . Os transportes públicos são divididos em dois tipos, para homens e mulheres. Os dois não podem viajar no mesmo.
20. É proibida a participação de mulheres em festividades.
21. É proibido o uso de calças compridas mesmo debaixo do véu.
22. As mulheres estão proibidas de lavar roupas nos rios ou locais públicos.
23. . As mulheres não se podem deixar fotografar ou filmar.
24. Todos os lugares com a palavra “mulher” devem ser mudados, por exemplo : O Jardim da Mulher deve passar a chamar Jardim da Primavera.
25. Fotografias de mulheres não podem ser impressas em jornais, livros ou revistas ou penduradas em casas e lojas.
26. As mulheres são proibidas de aparecer nas varandas das suas casas.
27. O testemunho de uma mulher vale metade do testemunho masculino.
28. Todas as janelas devem ser pintadas de modo a que as mulheres não sejam vistas dentro de casa por quem estiver fora.
29. É proibido às mulheres cantar.
30. É proibido a homens e mulheres ouvir música.
31. Os alfaiates são proibidos de costurar roupas para mulheres.
32. É completamente proibido assistir a filmes, televisão, ou vídeo.
33. As mulheres são proibidas de usar as casas-de-banho públicas (a maioria não as tem em casa).

A Mulher no Mundo Muçulmano

Clube de História 7, Porto Editora


"A mulher ocupa uma posição de inferioridade na sociedade muçulmana. Quando falamos na mulher muçulmana, dois símbolos logo nos ocorrem: o harém e o véu. Estes sinais distintivos das mulheres muçulmanas sugerem a sua subordinação ao homem, apesar da igualdade espiritual das mulheres estar expressa no Corão: "...e os homens que se lembram constantemente de Deus, tal como as mulheres que o fazem, para todos eles Deus preparou o perdão e uma enorme recompensa" (33:35)
A subordinação da mulher é demonstrada e justificada pela lei, costumes e tradições da Civilização Muçulmana, dizendo mesmo que há apenas um reconhecimento dos diferentes papéis dos dois sexos e não uma inferioridade efectiva.
Assim, as marcas jurídicas da inferioridade da mulher são as seguintes:
- a mulher só pode ter um marido, ao contrário do homem, que pode ter quatro mulheres ao mesmo tempo;
- a mulher só pode casar com um muçulmano, ao contrário do homem, que pode casar com uma mulher de outra religião;
- a mulher apenas pode pedir o divórcio em casos extremos, ficando a custódia dos seus filhos para o pai, e o testemunho do homem tem o dobro do valor do da mulher;
- a herança da mulher é duas vezes inferior à do homem.
- A maioria das mulheres vive na reclusão, poucas foram as que tiveram papéis activos em questões públicas, embora actualmente haja uma crescente liberalização do papel das mulheres fora de casa que começou sob a influência ocidental. Em alguns países, porém, verifica-se um retrocesso aos valores islãmicos, através do fundamentalismo islãmico."
A mulher árabe tem uma prática de vida completamente diferente da mulher ocidental, tendo de obedecer a regras muito estritas. No entanto, a forma de viver das mulheres não é igual em todo o mundo árabe. Em alguns países árabes as mulheres vivem enjauladas e maltratadas e noutros alcançaram a sua emancipação.
Apresentámos aqui dois exemplos contrastantes: a mulher afegã em que a “desobediência equivale à morte” e a mulher do Sara emancipada.
Fonte: Revista Notícias Magazine, 21 de Outubro de 2001.

“ Mulheres do Sara – árabes e emancipadas”


No deserto, na Argélia, elas mostram como o Islão não tem que prender as mulheres. Quando os homens partiram para a guerra, elas construíram campos, hoje quase cidades e tomaram conta da saúde, cultura, desporto, milícias, educação. "Só havia mulheres, nada mais". Quando eles regressaram respeitaram a liberdade delas. Vivem numa luta há 25 anos, trabalham, cuidam dos filhos e da casa, transportam água, são enfermeiras, professoras e deputadas, ministras. E sabem rir.
Há 25 anos Espanha assinava um acordo, deixando o Sara Ocidental, uma antiga colónia, nas mãos de Marrocos, que rapidamente ocupou as terras através do que ficou conhecido como a “marcha verde”. Muitos sarauis foram obrigados a deixar as suas casas, próximo do mar. E fogem pelo deserto até Tindouf, na Argélia (...). Próximo de Tindouf, as mulheres começam a construir os acampamentos de refugiados, que hoje quase parecem cidades, enquanto os homens vão para a frente lutar. (...)
“ Enquanto os homens estavam na frente a lutar, as mulheres ficaram à frete de tudo: da saúde, cultura, desporto, milícias, educação... só havia mulheres, nada mais.” Explica-nos Magbula Hafdala Ali, uma jovem de 26 anos (...). São também estas mulheres que cuidam da casa, dos filhos, transportam a água e os cereais que chegam das ajudas humanitárias. (...)
“ A primeira imagem que se tem da mulher árabe é a da mulher do Afeganistão”, afirma a ministra da cultura do Sara Ocidental, Mariam Hmada. Mas no deserto do Sara encontram-se estas mulheres árabes que iniciaram a sua emancipação há 25 anos por causa de uma guerra. Hoje as mulheres sarauis já alcançaram muitas liberdades que são vistas como um privilégio pelas outras mulheres árabes (...)”.
“ Em quase todos os países árabes, a mulher não pode viajar sozinha, tem de viajar com o marido ou com uma pessoa, como se fosse uma mochila”, salienta Mariam Hmada, que chegou à entrevista que tínhamos marcada ao volante do seu próprio jipe. Uma grande parte das jovens sarauis vão estudar no estrangeiro, a Cuba, Espanha, Líbia ou Rússia, por exemplo. Em 1975, na União Nacional de Mulheres Sarauis havia apenas uma mulher com estudos, hoje são 80 %. (...)
“ Em muitos países árabes a mulher não pode votar, e se não pode votar não pode ser candidata”, refere Mariam Hmada. No Sara existem sete deputadas para cinquenta e um deputados e para apresentar uma moção de censura, bastam cinco votos porque, segundo a ministra da Cultura, os sarauis “têm confiança em nós”. E acrescenta que “a lei diz que se os candidatos não são todos mulheres, pelo menos metade tem de ser.” (...)
Não houve um único caso em que depois do divórcio o homem tenha levado os filhos, no Sara Ocidental. (...)
Na maioria dos países árabes, uma mulher divorciada não tem grandes oportunidades de voltar a casar. Mas, segundo Mariam Hmada, no Sara é “ao contrário, quando uma mulher se divorcia tem mais oportunidades de se casar, porque os homens apreciam nela uma experiência.” Ainda que existam casamentos por conveniência, não é permitido casar uma mulher sem o seu consentimento, segundo as leis. (...)
Acrescenta também: “Aqui um homem nunca pode bater a uma mulher porque a sociedade o condena. E eu nunca ouvi de um caso de maus tratos desde que tenho este cargo”.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A CONDIÇÃO DA MULHER NO ISLAM

Tudo que é o outro, que não faz parte da nossa realidade mais imediata, tende a nos assustar e a ser objeto de nossa rejeição. Raríssimas vezes nos detemos nas questões que nos escapam e, por isso mesmo, fazemos julgamentos apressados, superficiais, e incorporamos conceitos sempre carregados de preconceitos, porque fundamentados na ignorância dos fatos.
Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda.
Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. O Islam é fanatismo. O Islam é terrorismo. O Islam é atraso. O Islam oprime e submete a mulher.
Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica?
Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados.
Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes?
Há 1400 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc.
Em 1995, portanto há três anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:
"Nós, os governos que participamos da Quarta Conferência Mundial da Mulher (…) estamos convencidos de que: (…) Os direitos da mulher são direitos humanos; (…) A igualdade de direitos, de oportunidades e de acesso aos recursos, à distribuição equitativa entre homens e mulheres das responsabilidades relativas à família … são indispensáveis ao seu bem-estar e ao de sua família, assim como para a consolidação da democracia. (…) A paz global, nacional e regional só pode ser alcançada com o progresso das mulheres, que são uma força fundamental de liderança, resolução de conflitos e promoção de uma paz duradoura em todos os níveis."
A diferença básica entre esses dois mundos, o oriental e o ocidental, é que o Islam, conforme revelado ao Profeta Mohammad, está pronto, bastando ser seguido por todos. O Islam dignifica o ser humano, garante direitos. Sua mensagem, ainda que dirigida inicialmente aos árabes, é universal e se aplica a todos os homens e mulheres, em qualquer lugar e em qualquer tempo. As origens do Islam são as mesmas que as das religiões anteriores e Mohammad foi o último profeta de Deus.
Deus esclarece no Alcorão que, ao longo de toda a história da humanidade, cada povo teve o seu mensageiro, em sua própria língua, em linguagem compatível com a compreensão do ser humano, anunciando a unicidade de Deus, confirmando o Dia do Juízo Final e determinando a subordinação ao que foi legislado por Ele.
Prescreveu-vos a mesma religião que tinha instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual recomendamos a Abraão, a Moisés e Jesus (dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso.
A crença nos profetas e nos livros são artigos de fé para o muçulmano. Depois de Mohammad não haverá mais nenhum profeta e nem revelação alguma será feita.
Hoje, aperfeiçoei a religião para vós; agraciei-vos generosamente e aponto o Islam por religião.