Os
árabes são os integrantes de um
povo heterogêneo que habita principalmente o
Oriente Médio e a
África setentrional, originário da
península Arábica constituída por
regiões desérticas. As dificuldades de plantio e criação de animais fizeram com que seus habitantes se tornassem
nômades, vagando pelo deserto em
caravanas, em busca de água e de melhores condições de vida. A essas tribos do deserto dá-se o nome de
beduínos.
Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:
A importância relativa desses fatores é estimada diferentemente por diferentes grupos. Muitas pessoas que se consideram árabes o fazem com base na sobreposição da definição política e linguística, mas alguns membros de grupos que preenchem os dois critérios rejeitam essa identidade com base na definição genealógica. Não há muitas pessoas que se consideram árabes com base na definição política sem a linguística — assim, os
curdos ou os
berberes geralmente se identificam como não-árabes — mas alguns sim, por exemplo, alguns Berberes consideram-se Árabes e nacionalistas árabes consideram os Curdos como Árabes.
Segundo Habib Hassan Touma,
[1] "A essência da cultura árabe envolve:
E assim, "Um árabe, no sentido moderno da palavra, é alguém que é cidadão de um estado árabe, conhece a língua árabe e possui um conhecimento básico da tradição árabe, isto é, dos usos, costumes e sistemas políticos e sociais da cultura."
Quando da sua formação em
1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe
- "Um árabe é uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe."
A definição genealógica foi largamente utilizada durante a
Idade Média (
Ibn Khaldun, por exemplo, não utiliza a palavra Árabe para se referir aos povos "arabizados", mas somente àqueles de ascendência arábica original), mas não é mais geralmente considerada particularmente significativa.
Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do
islã, religião surgida na
Península Arábica no
século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de
Abraão que para eles, estaria corrompido pelo
judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos
Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da
Síria, da
Palestina e
Líbano. No
Brasil,
Argentina,
Chile,
Venezuela e
Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma consequência longínqua dos efeitos das cruzadas.
Durante os séculos
VIII e
IX, os árabes (especificamente os
Omíadas, e mais tarde os
Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da
França no oeste,
China no leste,
Ásia menor no norte e
Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do
Islã e a língua árabe (a língua do
Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão,
Marrocos,
Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.
O
nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas,
raça ou
religião. Uma ideologia similar, o
pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os
Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos
melquitas, cujo
Patriarca,
Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
Genealogia tradicional
Nas tradições islâmica e judia, os árabes são um povo
semita que tem sua ascendência de
Ismael, um dos filhos do antigo patriarca
Abraão. Genealogistas árabes medievais dividiram os árabes em dois grupos:
- os "árabes " do sul da Arábia, descendentes de Qahtan (identificados com o Joktan bíblico). Supõe-se que os Qahtanitas migraram do Iêmen após a destruição da barragem de Ma'rib (Sad Ma'rib). Os árabes qahtanitas foram os responsáveis pelas antigas civilizações do Iêmen, incluindo o renomado Sheba bíblico (um descendente de Qahtan).
- Os "árabes " (musta`ribah) do norte da Arábia, descendentes de Adnan, este supostamente descendente de Ismael via Kedar. A língua árabe, como ela é falada hoje na sua forma qurânica clássica, foi o resultado de uma mistura entre a língua árabe original de Qahtan e o árabe setentrional, que assimilara palavras de outras línguas semíticas do Levante.
Árabes e seus descendentes tem predominantemente belos cabelos lisos, grossos e escuros, e costumam ter mais pelos do que descendentes de europeus, orientais e muitos povos africanos. Por isso muitos têm as sobrancelhas um pouco grossas. Também tem olhos castanhos, e pele mais morena; porém também existem descendentes de arábes brancos, mas são menos brancos que descentes de europeus, a não ser que também seja descendente de povos europeus como italianos ou alemães.
O termo "árabe" na História
Os árabes são mencionados pela primeira vez em uma inscrição
assíria de
853 a.C., onde
Shalmaneser III menciona um rei
Gindibu de
matu arbaai (terra árabe) como estando entre as pessoas que ele derrotou na
batalha de Karkar.
O significado do termo "árabe"
Segundo uma explicação, a palavra "árabe" significa "claro"; claro como em
compreensível, não como em
puro. Os idosos beduínos ainda utilizam esse termo com o mesmo significado; àqueles cuja língua eles compreendem (p. ex., falantes árabes) eles chamam
árabe, e àqueles cuja língua é desconhecida deles eles chamam
ajam (ajam ou ajami). Na região do
Golfo pérsico, o termo
ajam é frequentemente empregado para se referir aos
persas.
Outra explicação deriva a palavra Árabe de uma outra linha: `.R.B., com uma alternativa
metastática `.B.R., ambas significando
viajando pelas terras, isto é,
nômade. Desta raiz derivam os termos
árabe e
hebreu, significando
nômades.