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terça-feira, 21 de setembro de 2010
Mulheres no KSA
Tenho recebido alguns e-mail’s a pedir para falar um pouco mais sobre a situação das mulheres aqui no Reino: por isso aqui vai.
Todas as mulheres na Arábia Saudita são obrigadas a andar com a Abaya preta a cobrir o corpo sem excepção. As mulheres sauditas usam também a cabeça coberta e o véu que cobre a cara ficando apenas com os olhos descobertos. Depois as mais conservadoras ou mais religiosas (ou a sua família) usam inclusive luvas pretas e até mesmo um fino véu que lhes cobre também os olhos. As mulheres estrangeiras regra geral usam apenas as abayas e não cobrem a cabeça, mas podem ser abordadas por um muttawa que lhes obrigue a cobrir o cabelo. Não há leis excepcionais para estrangeiros, mas regra geral não é costume as mulheres ocidentais serem incomodadas da mesma forma que são as locais.
As mulheres não podem também sair à rua sem estar acompanhadas de um familiar ou do seu marido, mas hoje em dia grande parte das mulheres sauditas passam os dias nos centros comerciais em grupos apenas de mulheres. A grande maioria tem chouffer e assim alguma autonomia e independência (é o país do mundo com o maior numero de chouffer’s). Uma mulher também não pode sair do país sem uma autorização por escrito do seu responsável (marido, pai ou irmão)
No dia a dia tudo esta dividido por sexos, desde as “family sections” nos restaurantes aos também centros comerciais apenas para mulheres algumas das áreas de diversão como parques temáticos, jardim zoológicos, etc têm dias para mulheres e seus filhos e dias para homens e seus filhos, em qualquer um dos casos “single man” não são bem vindos. Os casamentos e outro tipo de festas estão sempre divididas pela zona das mulheres e a zona dos homens e em nenhum momentos se misturam.
As mulheres e homens sem relação familiar que se encontrem juntos em locais públicos podem ter problemas se forem abordados pela muttawa. Ou seja tomar café, jantar, almoçar ou passear de carro é sem duvida um risco, mas mais uma vez para nós ocidentais a probabilidade de sermos abordados é menor, mas a verdade é que o risco existe.
Os casamentos na sua maioria ainda são arranjados entre os país dos noivos, já conheci homens com casamento marcado sem nunca terem visto a mulher, falam apenas pelo telefone e podem se encontrar com elas desde que respectivas famílias também estejam presentes e elas tem a cara coberta ou não pelo véu, que mais uma vez depende do quão conservadoras são. As noivas são escolhidas por serem de uma classe social equivalente e dependendo das possibilidades económicas do noivo.
De todos os países árabes a arábia saudita é a que tem mais poligamia sendo muito normal que um homem tenha varias mulheres, na teoria o limite é de 4 mas podem se divorciar desde que o homem assuma a obrigação de continuar a manter a ex-mulher e seus filhos com o mesmo nível de vida. A média de filhos por casal é também a mais alta do mundo de 5,7 filhos e é normal haver homens com entre 10 a 20 filhos.
No aeroporto as mulheres sozinhas que entram no país são direccionadas para uma sala onde ficam há espera que o seu responsável a venha buscar e só pode sair das sala quando estiver devidamente coberta pela abaya. Há alguma dificuldade em conseguir vistos para mulheres solteiras por isso muitos dos ocidentais que querem trazer ou receber visitas das suas namoradas tem que se casar para elas poderem viver cá ou mesmo passar temporadas.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
No Islam, a mulher não é produto do diabo ou a semente do mal. No Islam, o homem não ocupa o lugar de senhor absoluto da mulher, que, sem outra alternativa, tem que se render ao seu domínio. No Islam só nos submetemos a Deus e só a Ele nos rendemos e prestamos contas. No Islam, ao contrário de outras crenças e sistemas religiosos, a mulher tem alma e é dotada de qualidades espirituais. O Islam não considera Eva a única responsável pelo pecado original de toda a humanidade e, por consequência, pelo sacrifício na cruz do filho de Deus para redimir a humanidade do pecado original. O Alcorão esclarece que tanto Adão como Eva erraram, ambos foram tentados, ambos pecaram e ambos foram perdoados por Deus após o manifesto arrependimento.
A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher.
No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos.
Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124)
No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras.
A mulher é reconhecida no Islam como a parceira completa do homem e igual a ele na procriação da humanidade. Ele é o pai e ela é a mãe e ambos são essenciais para vida. O papel da mulher não é menos vital do que o do homem. Nesta parceria as partes são iguais em cada aspecto, têm direitos e responsabilidades iguais e são dotadas das mesmas qualidades, seja homem ou mulher.
No Islam, a mulher se iguala ao homem ao ser responsável por seus atos. Ela possui uma personalidade independente, dotada de qualidades humanas e digna de aspirações espirituais. Sua natureza humana não é nem inferior nem superior à do homem. Homens e mulheres têm as mesmas obrigações e responsabilidades sociais, morais e religiosas e devem enfrentar a consequência de seus atos.
Aqueles que praticarem o bem, sejam homens ou mulheres, e forem fiéis, entrarão no Paraíso e não serão defraudados, no mínimo que seja. (Cap. 4:124)
No Islam, a mulher é independente economicamente, uma vez que ela pode ser proprietária, com direito a administrar seus bens e ninguém, pai, marido ou irmão, tem ingerência no trato de questões financeiras.
Tudo que é o outro, que não faz parte da nossa realidade mais imediata, tende a nos assustar e a ser objeto de nossa rejeição. Raríssimas vezes nos detemos nas questões que nos escapam e, por isso mesmo, fazemos julgamentos apressados, superficiais, e incorporamos conceitos sempre carregados de preconceitos, porque fundamentados na ignorância dos fatos.
Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda.
Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. O Islam é fanatismo. O Islam é terrorismo. O Islam é atraso. O Islam oprime e submete a mulher.
Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica?
Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados.
Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes?
Há 1400 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc.
Em 1995, portanto há três anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:
Nos dias atuais, onde tantas questões polêmicas nos são colocadas diariamente, onde mal temos tempo de digerir o noticiário, tal a rapidez com que as coisas acontecem no mundo, vamos estabelecendo nossos julgamentos e entendimentos em bases que carecem de uma análise mais profunda.
Assim é com relação ao Islam, tão incompreendido, tão desconhecido. Assim é a questão da mulher no Islam, onde preconceitos e falsas informações estão disseminados de tal forma que ocupam o imaginário dos não muçulmanos, estereotipando essas mulheres, transformando-as em personagens que nunca correspondem à realidade. Tomamos para nós alguns conceitos, que passam a ser verdade, a nossa verdade, que sequer é nossa, e engrossamos o rol desta vasta legião de meros repetidores de falsas verdades, aliás, uma característica do nosso tempo. O Islam é fanatismo. O Islam é terrorismo. O Islam é atraso. O Islam oprime e submete a mulher.
Mas, o que é o Islam? Como o Islam trata realmente a questão dos sexos? Qual é o papel da mulher muçulmana numa sociedade islâmica?
Para se falar sobre a mulher no Islam, como ela é vista, qual a sua função, qual o seu papel, quais os seus direitos e deveres, torna-se necessário comparar este mesmo papel com outras culturas, outras religiões, quais os seus direitos e deveres, quais as suas conquistas, enfim, devemos considerar todos os aspectos, sejam sociais, politícos, econômicos, éticos ou morais e não, simplesmente, nos determos em aspectos culturais isolados.
Por isso, nada melhor do que enfocar a condição da mulher no Islam, levando em conta essa mesma condição no Ocidente, e, mais especificamente no Brasil, de tradições, cultura e religião tão diferentes do Oriente. No que a muçulmana é diferente da mulher ocidental? Que valores éticos, morais, sociais e religiosos regem essas duas mulheres? Que padrões comportamentais fazem essas duas mulheres tão diferentes?
Há 1400 anos, o Islam afirmou que a mulher é um ser humano, que tem uma alma da mesma natureza que a do homem, e que ambos, homens e mulheres, gozam dos mesmos direitos. No Islam, a mulher é um ser responsável e não pode ser desrespeitada ou discriminada em razão de seu sexo. No ocidente, apesar dos avanços conseguidos pelos movimentos feministas, as conquistas alcançadas não representam sequer a terça parte do que o Islam já havia garantido. Sabemos que a mulher ainda é discriminada, o maior contingente de analfabetos está na população feminina, ela é vítima da violência, que começa em casa, recebe um salário menor para o exercício de funções que ela executa em igualdade de condições com o homem, etc.
Em 1995, portanto há três anos atrás, na Quarta Conferência Mundial da Mulher, ocorrida em Pequim, os governos participantes reconheceram a péssima condição feminina e firmaram uma Declaração, onde entre outros tópicos, afirmavam o seguinte:
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
A cultura árabe é muito antiga e por isso mesmo, muito rica. Seja no campo da arquitetura, medicina ou matemática os árabes contribuiram muito para a evolução da humanidade.
Souad. Mas tempos atrás eu li um livro chamado “Queimada Viva”¹ que fazia um relato baseado em fatos reais sobre a vida trágica da jovem Souad, que aos 17 anos engravidou antes do casamento e por isso mesmo, foi sentenciada (pela familia) a ser queimada viva. Seu cunhado executou a sentença, e ela por sorte foi socorrida pelos vizinhos e sobreviveu com queimaduras severas pelo corpo. E o pior da história, é que a vizinhança, a sociedade, o governo e o mundo árabe em sí é indiferente a fatos como este. A moral é ‘defendida’ a todo custo e julgamentos e execuções familiares como este não sofrem interferencia da justiça, pois eles entendem que problemas de familia devem ser resolvidos pela familia.
Ou seja, no mundo árabe seria natural queimar ou apedrejar mulheres “pecadoras”. E às vezes nem precisa ser pecadora, basta nascer mulher: Souad descreve no livro, o momento em que percebeu que sua mãe assassinava as crianças que dava à luz, momentos depois do parto simplesmente por terem nascido meninas. Seu irmão, ao contrário, era criado cheio de mimos e cuidados e recebeu treinamento (não educação) para ser um homem violento e sanguinário como aqueles de sua familia.
Cultura vs. Crime
Todos devem concordar que os costumes e a cultura de um país ou de uma etnia devem ser respeitados. Mas neste caso, onde acaba a cultura e começa o crime? E este ‘costume’ de massacrar mulheres é tão forte, que as próprias mulheres participam e delatam outras mulheres para que estas sejam punidas. E mesmo em paises árabes mais liberais e modernos como o Kwuait e Qatar, o machismo ainda é violento e um tabú escondido debaixo do tapete.
Enquanto isso, no ocidente…
Mas quem somos nós para criticar? Já que aqui no ocidente, a liberdade excessiva criou uma sociedade libertina? Enquanto os árabes impõem a moral a ferro e fogo, nós ocidentais vivemos numa sociedade cada vez mais libertina e cheia de liberdades. Estes dias eu voltava do trabalho e passei por um carro que estava com o teto solar aberto e três garotas menores de idade dançavam vulgarmente para fora do carro ao som de um fank totalmente obseno e imoral…isso tudo acontecendo a uns 50 metros de uma procissão religiosa que celebrava o Corpus Christi. Fato impensável lá na terra dos árabes que não admitiriam jamais que o islã fosse desrespeitados desta forma.
Não sei o que é pior: a violência oriental ou a total falta de moral ocidental. Mas de qualquer forma, as mulheres árabes merecem um pouco mais de respeito.
Souad. Mas tempos atrás eu li um livro chamado “Queimada Viva”¹ que fazia um relato baseado em fatos reais sobre a vida trágica da jovem Souad, que aos 17 anos engravidou antes do casamento e por isso mesmo, foi sentenciada (pela familia) a ser queimada viva. Seu cunhado executou a sentença, e ela por sorte foi socorrida pelos vizinhos e sobreviveu com queimaduras severas pelo corpo. E o pior da história, é que a vizinhança, a sociedade, o governo e o mundo árabe em sí é indiferente a fatos como este. A moral é ‘defendida’ a todo custo e julgamentos e execuções familiares como este não sofrem interferencia da justiça, pois eles entendem que problemas de familia devem ser resolvidos pela familia.
Ou seja, no mundo árabe seria natural queimar ou apedrejar mulheres “pecadoras”. E às vezes nem precisa ser pecadora, basta nascer mulher: Souad descreve no livro, o momento em que percebeu que sua mãe assassinava as crianças que dava à luz, momentos depois do parto simplesmente por terem nascido meninas. Seu irmão, ao contrário, era criado cheio de mimos e cuidados e recebeu treinamento (não educação) para ser um homem violento e sanguinário como aqueles de sua familia.
Cultura vs. Crime
Todos devem concordar que os costumes e a cultura de um país ou de uma etnia devem ser respeitados. Mas neste caso, onde acaba a cultura e começa o crime? E este ‘costume’ de massacrar mulheres é tão forte, que as próprias mulheres participam e delatam outras mulheres para que estas sejam punidas. E mesmo em paises árabes mais liberais e modernos como o Kwuait e Qatar, o machismo ainda é violento e um tabú escondido debaixo do tapete.
Enquanto isso, no ocidente…
Mas quem somos nós para criticar? Já que aqui no ocidente, a liberdade excessiva criou uma sociedade libertina? Enquanto os árabes impõem a moral a ferro e fogo, nós ocidentais vivemos numa sociedade cada vez mais libertina e cheia de liberdades. Estes dias eu voltava do trabalho e passei por um carro que estava com o teto solar aberto e três garotas menores de idade dançavam vulgarmente para fora do carro ao som de um fank totalmente obseno e imoral…isso tudo acontecendo a uns 50 metros de uma procissão religiosa que celebrava o Corpus Christi. Fato impensável lá na terra dos árabes que não admitiriam jamais que o islã fosse desrespeitados desta forma.
Não sei o que é pior: a violência oriental ou a total falta de moral ocidental. Mas de qualquer forma, as mulheres árabes merecem um pouco mais de respeito.
Melhorar a imagem da mulher árabe nos media e apoiar as que vivem na diáspora foram duas iniciativas lançadas pela 'Mãe da Nação' durante a II Conferência da Organização das Mulheres Árabes. Durante três dias, em Abu Dhabi, foram ouvidas denúncias e várias críticas, mas também se notou a disposição para valorizar a acção feminina
"Enquanto houver um sopro de vida no meu corpo, continuarei a lutar para concretizar o meu sonho: que todos, no mundo árabe, sejam capazes de ler e escrever." Assinada pela xeque Fatima bint Mubarak, a frase - inscrita num cartaz colocado no hall do Emirates Palace, em Abu Dhabi - era uma espécie de boas vindas, e mote, aos participantes na conferência sobre a Mulher no conceito da Segurança Humana.
Durante três dias, no ambiente climatizado do hotel de sete estrelas da capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU), centenas de académicos, intelectuais, activistas de direitos humanos, diplomatas - árabes e ocidentais, homens e mulheres - analisaram a situação e o papel da mulher na sociedade árabe, as dificuldades com que se confronta e os esforços que desenvolve para se afirmar.
Denúncias de situações e exigências para que sejam alteradas constaram também dos seis painéis que debateram temas tão amplos como a saúde, cultura, clima, conflitos armados, segurança, defesa e desemprego. Isto sem esquecer que a tradição é algo que não pode ser escamoteado.
Por exemplo, várias foram as vozes que se insurgiram com o facto de haver países árabes que gastam mais dinheiro em armas e com o exército do que com a educação e a saúde. Uma mulher, a quem os cidadãos do jovem país chamam de "Mãe da Nação" - Fatima Bint Mubarak, a viúva do xeque Zayad - , é a presidente da Organização das Mulheres Árabes e a força motriz da organização da conferência.
Com a abaia negra a cobrir-lhe o corpo, o véu a tapar-lhe os cabelos e a máscara cinzento-prateado de beduína a iludir-lhe o rosto, a xeque Fatima bint Mubarak, que presidiu à abertura e encerramento da reunião, era bem a imagem de quem respeita a tradição mas nem por isso deixa de lutar pela libertação e afirmação da mulher na sociedade.
Graças à acção da "Mãe da Nação" e do príncipe herdeiro, "90% das mulheres" do seu país sabem ler e escrever, como revelaria Nedal Mohamed al Tenaiji, uma das organizadoras da conferência e membro do Conselho Nacional, e são ainda mulheres 75% dos estudantes matriculados nas universidades do país. A educação feminina, que a responsável dos emirados defende de forma tão determinada, é uma exigência incontornável: uma mulher "educada e informada" pode melhor defender-se da violência social e familiar, sabe os direitos que tem e a forma de os fazer valer, pode desempenhar a profissão que mais deseja. E, ao conseguir a sua segurança, acaba por contribuir para a segurança humana, conceito lançado pela ONU em 2000 mas que é cego quanto a género.
Curiosamente, a voz mais crítica da tradição foi a de um homem. "Precisamos de marginalizar definições religiosas ultra-conservadoras do papel da mulher, reinterpretar textos religiosos para que não tenhamos fatwas [decreto religioso] ridículas", declarou Bahgar Korani, presidente do comité científico da conferência e professor de relações internacionais na universidade do Cairo, defendendo a educação da mulher mas também o seu acesso a todas as profissões.|
"Enquanto houver um sopro de vida no meu corpo, continuarei a lutar para concretizar o meu sonho: que todos, no mundo árabe, sejam capazes de ler e escrever." Assinada pela xeque Fatima bint Mubarak, a frase - inscrita num cartaz colocado no hall do Emirates Palace, em Abu Dhabi - era uma espécie de boas vindas, e mote, aos participantes na conferência sobre a Mulher no conceito da Segurança Humana.
Durante três dias, no ambiente climatizado do hotel de sete estrelas da capital dos Emirados Árabes Unidos (EAU), centenas de académicos, intelectuais, activistas de direitos humanos, diplomatas - árabes e ocidentais, homens e mulheres - analisaram a situação e o papel da mulher na sociedade árabe, as dificuldades com que se confronta e os esforços que desenvolve para se afirmar.
Denúncias de situações e exigências para que sejam alteradas constaram também dos seis painéis que debateram temas tão amplos como a saúde, cultura, clima, conflitos armados, segurança, defesa e desemprego. Isto sem esquecer que a tradição é algo que não pode ser escamoteado.
Por exemplo, várias foram as vozes que se insurgiram com o facto de haver países árabes que gastam mais dinheiro em armas e com o exército do que com a educação e a saúde. Uma mulher, a quem os cidadãos do jovem país chamam de "Mãe da Nação" - Fatima Bint Mubarak, a viúva do xeque Zayad - , é a presidente da Organização das Mulheres Árabes e a força motriz da organização da conferência.
Com a abaia negra a cobrir-lhe o corpo, o véu a tapar-lhe os cabelos e a máscara cinzento-prateado de beduína a iludir-lhe o rosto, a xeque Fatima bint Mubarak, que presidiu à abertura e encerramento da reunião, era bem a imagem de quem respeita a tradição mas nem por isso deixa de lutar pela libertação e afirmação da mulher na sociedade.
Graças à acção da "Mãe da Nação" e do príncipe herdeiro, "90% das mulheres" do seu país sabem ler e escrever, como revelaria Nedal Mohamed al Tenaiji, uma das organizadoras da conferência e membro do Conselho Nacional, e são ainda mulheres 75% dos estudantes matriculados nas universidades do país. A educação feminina, que a responsável dos emirados defende de forma tão determinada, é uma exigência incontornável: uma mulher "educada e informada" pode melhor defender-se da violência social e familiar, sabe os direitos que tem e a forma de os fazer valer, pode desempenhar a profissão que mais deseja. E, ao conseguir a sua segurança, acaba por contribuir para a segurança humana, conceito lançado pela ONU em 2000 mas que é cego quanto a género.
Curiosamente, a voz mais crítica da tradição foi a de um homem. "Precisamos de marginalizar definições religiosas ultra-conservadoras do papel da mulher, reinterpretar textos religiosos para que não tenhamos fatwas [decreto religioso] ridículas", declarou Bahgar Korani, presidente do comité científico da conferência e professor de relações internacionais na universidade do Cairo, defendendo a educação da mulher mas também o seu acesso a todas as profissões.|
A civilização árabe esteve marcada pelo processo de expansão da religião islâmica.
Por Rainer Sousa
Os árabes têm a sua história vinculada ao espaço da Península Arábica, onde primordialmente se fixaram em uma região tomada por vários desertos que dificultavam a criação de povos sedentarizados. Por isso, percebemos que no início de sua trajetória, os árabes eram povos de feição nômade que se intercalavam entre as regiões desérticas e os valiosos oásis presentes ao longo deste território.
Conhecidos como beduínos, essa parcela do povo árabe era conhecida pela sua religião politeísta e a criação de animais. A realidade dos beduínos era bem diferente da que poderíamos ver nas porções litorâneas da Península Arábica. Neste outro lado da Arábia, temos a existência de centros urbanos e a consolidação de uma economia agrícola mais complexa. Entre as cidades da região se destacava Meca, grande centro comercial e religioso dos árabes.
Regularmente, os árabes se deslocavam para cidade de Meca a fim de prestar homenagens e sacrifícios às várias divindades presentes naquele local. Entre outros signos sagrados, destacamos o vale da Mina, o monte Arafat, o poço sagrado de Zen-Zen e a Caaba, principal templo sagrado onde era abrigada a Pedra Negra, um fragmento de meteorito de forma cúbica protegido por uma enorme tenda de seda preta.
A atração de motivo religioso também possibilitava a realização de grandes negócios, que acabaram formando uma rica classe de comerciantes em Meca. Nos fins do século VI, essa configuração do mundo árabe sofreu importantes transformações com o aparecimento de Maomé, um jovem e habilidoso caravaneiro que circulou várias regiões do Oriente durante suas atividades comerciais.
Nesse tempo, entrou em contato com diferentes povos e, supostamente, teria percebido as várias singularidades que marcam a crença monoteísta dos cristãos e judeus. Em 610, ele provocou uma grande reviravolta em sua vida ao acreditar que teria de cumprir uma missão espiritual revelada pelo anjo Gabriel, durante um sonho. A partir de então, se tornou o profeta de Alá, o único deus verdadeiro.
O sucesso de sua atividade de pregação acabou estabelecendo a conquista de novos adeptos ao islamismo. A experiência religiosa inédita soou como uma enorme ameaça aos comerciantes de Meca, que acreditavam que o comércio gerado pelas peregrinações politeístas seria aniquilado por essa nova confissão. Com isso, Maomé e seu crescente número de seguidores foram perseguidos nas proximidades de Meca.
Acuado, o profeta Maomé resolveu se refugiar na cidade de Yatreb, onde conquistou uma significativa leva de convertidos que pressionaram militarmente os comerciantes de Meca. Percebendo que não possuíam alternativas, os comerciantes decidiram reconhecer a autoridade religiosa de Maomé, que se comprometera a preservar as divindades milenares da cidade de Meca.
A partir desse momento, os árabes foram maciçamente convertidos ao ideário do islamismo e vivenciaram uma nova fase em sua trajetória. Entre os séculos VII e VIII, os islâmicos estabeleceram um processo de expansão que difundiu sua crença em várias regiões do norte da África, da Península Ibérica e em algumas parcelas do mundo oriental.
Os árabes são os integrantes de um povo heterogêneo que habita principalmente o Oriente Médio e a África setentrional, originário da península Arábica constituída por regiões desérticas. As dificuldades de plantio e criação de animais fizeram com que seus habitantes se tornassem nômades, vagando pelo deserto em caravanas, em busca de água e de melhores condições de vida. A essas tribos do deserto dá-se o nome de beduínos.
Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:
Segundo Habib Hassan Touma,[1] "A essência da cultura árabe envolve:
Quando da sua formação em 1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe
Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da Síria, da Palestina e Líbano. No Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma consequência longínqua dos efeitos das cruzadas.
Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Omíadas, e mais tarde os Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.
O nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas, raça ou religião. Uma ideologia similar, o pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos melquitas, cujo Patriarca, Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
Outra explicação deriva a palavra Árabe de uma outra linha: `.R.B., com uma alternativa metastática `.B.R., ambas significando viajando pelas terras, isto é, nômade. Desta raiz derivam os termos árabe e hebreu, significando nômades.
Existem três fatores que podem ajudar, em graus diversos, na determinação se um indivíduo é considerado árabe ou não:
- políticos: se ele vive em um país membro da Liga Árabe (ou, de maneira geral, no mundo árabe); essa definição cobre mais de trezentos milhões de pessoas.
- linguísticos: se sua língua materna é o árabe; essa definição cobre mais de duzentos milhões de pessoas.
- genealógicos: Pode-se traçar sua ascendência até os habitantes originais da península arábica.
Segundo Habib Hassan Touma,[1] "A essência da cultura árabe envolve:
- língua árabe
- Islã
- Tradição e os costumes "
Quando da sua formação em 1946, a Liga Árabe assim definiu um árabe
- "Um árabe é uma pessoa cuja língua é o árabe, que vive em um país de língua árabe e que tem simpatia com as aspirações dos povos de língua árabe."
Embora pratiquem ou se interessem por outras religiões como o espiritismo e o candomblé, o árabe é essencialmente formado por muçulmanos, judeus e cristãos. Nesse sentido, a maior parte dos árabes, são seguidores do islã, religião surgida na Península Arábica no século VII e que se vê como uma restauração do monoteísmo original de Abraão que para eles, estaria corrompido pelo judaísmo e cristianismo. Os árabes cristãos são também muito numerosos; nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de dois terços dos Árabes, particularmente os imigrantes da Síria, da Palestina e Líbano. No Brasil, Argentina, Chile, Venezuela e Colômbia a proporção de cristãos entre os imigrantes árabes é ainda maior mas só recentemente nesses países que a população islâmica evoluiu, sem necessariamente serem muçulmanos árabes. De modo geral todos os imigrantes espalhados pelo mundo "judeus ou cristãos" são uma consequência longínqua dos efeitos das cruzadas.
Durante os séculos VIII e IX, os árabes (especificamente os Omíadas, e mais tarde os Abássidas) construíram um império cujas fronteiras iam até o sul da França no oeste, China no leste, Ásia menor no norte e Sudão no sul. Este foi um dos maiores impérios terrestres da História. Através da maior parte dessa área, os Árabes espalharam a religião do Islã e a língua árabe (a língua do Qur'an) através da conversão e assimilação, respectivamente. Muitos grupos terminaram por ser conhecidos como "árabes" não pela ascendência, mas sim pela arabização. Assim, com o tempo, o termo "árabe" acabou tendo um significado mais largo do que o termo étnico original. Muitos Árabes do Sudão, Marrocos, Argélia e outros lugares tornaram-se árabes através da difusão cultural.
O nacionalismo árabe declara que os árabes estão unidos por uma história, cultura e língua comuns. Os nacionalistas árabes acreditam que a identidade árabe engloba mais do que características físicas, raça ou religião. Uma ideologia similar, o pan-arabismo, prega a união de todas as "terras árabes" em um Estado único. Nem todos os Árabes concordam com essas definições; os Maronitas libaneses, por exemplo, rejeitam geralmente a etiqueta "árabe" em favor de um nacionalismo maronita mais estreito, transformando o cristianismo que professam em sinal de diferença em relação aos muçulmanos que se consideram árabes (embora, em outros casos, o cristianismo seja o contrário; valor imutavelmente ligado à identidade árabe, a qual transcende a religião, sem negá-la, como é o dos melquitas, cujo Patriarca, Gregório III Laham, afirma "Nós somos a Igreja do Islam").
Genealogia tradicional
Nas tradições islâmica e judia, os árabes são um povo semita que tem sua ascendência de Ismael, um dos filhos do antigo patriarca Abraão. Genealogistas árabes medievais dividiram os árabes em dois grupos:- os "árabes " do sul da Arábia, descendentes de Qahtan (identificados com o Joktan bíblico). Supõe-se que os Qahtanitas migraram do Iêmen após a destruição da barragem de Ma'rib (Sad Ma'rib). Os árabes qahtanitas foram os responsáveis pelas antigas civilizações do Iêmen, incluindo o renomado Sheba bíblico (um descendente de Qahtan).
- Os "árabes " (musta`ribah) do norte da Arábia, descendentes de Adnan, este supostamente descendente de Ismael via Kedar. A língua árabe, como ela é falada hoje na sua forma qurânica clássica, foi o resultado de uma mistura entre a língua árabe original de Qahtan e o árabe setentrional, que assimilara palavras de outras línguas semíticas do Levante.
O termo "árabe" na História
Os árabes são mencionados pela primeira vez em uma inscrição assíria de 853 a.C., onde Shalmaneser III menciona um rei Gindibu de matu arbaai (terra árabe) como estando entre as pessoas que ele derrotou na batalha de Karkar.O significado do termo "árabe"
Segundo uma explicação, a palavra "árabe" significa "claro"; claro como em compreensível, não como em puro. Os idosos beduínos ainda utilizam esse termo com o mesmo significado; àqueles cuja língua eles compreendem (p. ex., falantes árabes) eles chamam árabe, e àqueles cuja língua é desconhecida deles eles chamam ajam (ajam ou ajami). Na região do Golfo pérsico, o termo ajam é frequentemente empregado para se referir aos persas.Outra explicação deriva a palavra Árabe de uma outra linha: `.R.B., com uma alternativa metastática `.B.R., ambas significando viajando pelas terras, isto é, nômade. Desta raiz derivam os termos árabe e hebreu, significando nômades.
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